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Disputa fundiária volta a crescer e pode atingir mais 13 produtores no nordeste de Mato Grosso

As fazendas estão localizadas nas proximidades do Rio Suiá, área de divisa entre Querência e Ribeirão Cascalheira

A disputa fundiária que colocou o advogado Roberto Zampieri no centro de uma série de reintegrações de posse em Querência (MT), ganhou novos capítulos nas últimas semanas. Após a decisão judicial que determinou, em fevereiro, a desocupação de oito propriedades rurais na região, outros 13 produtores agora relatam risco de serem alcançados por ordens semelhantes, mesmo sem terem participado do processo original.

As novas áreas potencialmente afetadas somam mais de 5 mil hectares de lavouras de soja e milho em plena produção. Segundo os proprietários, todos possuem títulos, matrículas e registros cartorários válidos, com ocupação contínua há mais de três décadas.

As fazendas estão localizadas nas proximidades do Rio Suiá, área de divisa entre Querência e Ribeirão Cascalheira, o mesmo perímetro descrito na antiga ação demarcatória movida pelo espólio de Itagiba Carvalho Diniz. A demanda judicial foi conduzida por Roberto Zampieri e por seu filho, o advogado Rodrigo Borguetti Zampieri, e hoje segue representada por outro profissional.

Documentos anexados ao processo mostram que o contrato firmado com o espólio Diniz previa honorários expressivos, cerca de 1.300 hectares de terra, avaliados à época em aproximadamente R$ 18,85 milhões, além de R$ 500 mil em espécie. Havia ainda uma cláusula de bonificação que poderia elevar o pagamento caso a reintegração superasse 7,2 mil hectares, garantindo aos Zampieri 37% da área total recuperada.

Iniciada em 1997, a ação resultou em uma sentença favorável ao espólio. No entanto, produtores contestam a forma como o cumprimento dessa decisão vem sendo ampliado para atingir áreas de terceiros que, segundo afirmam, não foram citados no processo e não tiveram oportunidade de defesa, o que, na visão deles, afrontaria os limites da coisa julgada.

A situação reacende o debate sobre insegurança jurídica, conflitos de matrícula e litígios territoriais em uma das regiões agrícolas mais valorizadas do Estado. Associações rurais e produtores alertam que, se as novas ordens forem mantidas, mais de 14 mil hectares podem ser afetados diretamente.

Roberto Zampieri já foi mencionado em investigações da Operação Sisamnes, que apura supostas irregularidades e manipulação de litígios fundiários em Mato Grosso. Ele sempre negou qualquer prática ilícita.

Enquanto produtores aguardam novas manifestações da Justiça, o clima no campo é de apreensão. A continuidade das reintegrações poderia comprometer uma ampla faixa produtiva no nordeste do Estado, impactando safras inteiras, cadeias logísticas e contratos com tradings.

A disputa, que se arrasta há quase três décadas, volta agora ao centro das atenções e mantém em alerta tanto agricultores quanto autoridades regionais.

Querência News/Letícia Nunes

Informações: Folha Max

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