Edward Jenner (1749-1823), um médico inglês de Gloucestershire, administrou a primeira vacinação como tratamento preventivo da varíola, uma moléstia que matou dezenas de milhões de pessoas ao longo dos séculos.
Ainda como estudante de medicina, Jenner notou que vacas que haviam contraído uma doença chamada varíola bovina, ou bexiga vacum, – que causava pústulas, pequenas elevações nas glândulas mamárias.
Ao contrário da doença que gerava severas erupções na pele e febres perigosas nos seres humanos, a varíola bovina levava a pequenos sintomas da doença no gado.
Desenvolvimento da vacina contra varíola
Em 13 de maio de 1796, Jenner retirou um pouco da secreção de uma pústula no úbere da vaca e injetou na pele de James Phipps, um garoto de oito anos. Em seguida, uma única pústula brotou no ato, e James logo se recuperou.
Em 1º de julho, Jenner inoculou o menino novamente, desta vez com o pus da varíola, e nenhuma doença se desenvolveu. A vacina foi um sucesso. Médicos de toda a Europa logo adotaram a técnica inovadora de Jenner, levando a um drástico declínio desta devastadora moléstia.
Nos séculos XIX e XX, cientistas, seguindo o modelo de Jenner, desenvolveram novas vacinas a fim de combater numerosas doenças fatais, inclusive a poliomielite, coqueluche, sarampo, tétano, febre amarela, tifo, hepatite B e muitas outras. Posteriormente, vacinas mais sofisticadas, desenvolvidas em tempos mais recentes, praticamente eliminaram a varíola em todo o mundo.
Imunidade contra a varíola
Jenner começou a investigar sistematicamente a doença pústula do vaqueiro e veio a perceber que diferentes sintomas apareciam em diferentes vítimas da varíola das vacas, ou seja, que esta não admitia apenas uma única manifestação fixa. Jenner concluiu então que o que havia, desde sempre, sido identificado como uma única doença era, de fato, mais de uma, sendo que apenas uma vacina conferia imunidade à varíola.
Em 1789 Jenner observou que as vacas tinham nas tetas feridas iguais às provocadas pela varíola no corpo de humanos, só que no caso dos animais, a versão da doença era mais leve.
Ao observar que as mulheres responsáveis pela ordenha quando expostas ao vírus bovino tinham uma versão mais suave da doença, recolheu o líquido que saía destas feridas e o passou em cima de arranhões que ele provocou no braço de um garoto. O menino teve um pouco de febre e algumas lesões leves, tendo uma recuperação rápida.
A partir daí, o cientista pegou o líquido da ferida de outro paciente com varíola e novamente expôs o garoto ao material. Semanas depois, ao entrar em contato com o vírus da varíola, o paciente passou incólume à doença. Estava descoberta assim a propriedade de imunização.
Surgiu, então, uma situação que parecia vir contrariar, por completo, todas as suas conclusões. Em uma das vacarias da região apareceu um surto da doença que Jenner havia identificado como conferindo imunidade à varíola, tendo alguns dos trabalhadores apanhado essa doença, mesmo após terem sido infectados com a tal versão benigna.
Jenner levantou uma nova hipótese dinâmica, passando a considerar o tempo de imunização. Descobriu-se assim que a substância só conferia imunidade contra a varíola quando a sua virulência estivesse próxima do seu máximo.
Mesmo assim, a vacinação utilizando fluído das pústulas da “varíola bovina” espalhou-se rapidamente. O valor demonstrativo da vacina foi tão grande que Napoleão insistiu que todas as suas tropas fossem vacinadas assim como os países sob o domínio da França.
Opera Mundi