
Atualizada
Menos de 24 horas após a localização do bebê de um mês de idade, vítima de um esquema de “Adoção à Brasileira”, a mulher que ficaria com a criança foi presa pela Polícia Civil, no final da tarde de quinta-feira (20/05/21), Ela foi interrogada na Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), apresentando a sua versão dos fatos.
A suspeita estava acompanhada de advogado e foi autuada em flagrante pelos crimes de parto suposto, subtração ou alteração de direito de recém-nascido e abandono de incapaz, uma vez que abandonou a criança quando soube que estava sendo investigada. Durante o interrogatório, ela confessou os fatos, porém negou que fosse negociar a criança na Bolívia.
Segundo as declarações da investigada, ela conheceu a mãe do bebê em um grupo de uma rede social da internet. Na ocasião, a gestante, moradora do estado de São Paulo, fez uma postagem dizendo que estava grávida de aproximadamente três meses e que tinha a intenção de abortar ou doar o filho.
A partir da publicação, a investigada fez contato com a mãe biológica da criança, oferecendo que ela viesse para Cuiabá, onde lhe daria um lugar para morar e pagaria todas as despesas com o parto e pré-natal. A mulher que estava grávida, que é deficiente auditiva e possui uma filha de 10 anos de idade, aceitou a proposta e veio ter o filho em Cuiabá, para posteriormente entregar para a suspeita.
Durante toda a gravidez, a gestante utilizou os documentos da investigada para fazer os exames necessários, assim como entregou a identidade da suspeita no hospital no momento do parto. A entrega da criança ocorreu em frente ao hospital assim que a mãe biológica teve alta. Após a entrega, a suspeita pagou as passagens para que a mãe da criança e a sua filha de 10 anos voltassem para São Paulo.
Após o interrogatório, a suspeita foi autuada em flagrante e posteriormente encaminhada para audiência de custódia. Segundo o delegado, Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, as investigações seguem em andamento pela equipe da GCCO e da Delegacia Especializada dos Direitos e Defesa da Criança e Adolescente.
“É uma situação grave e por isso todas as circunstancias devem ser apuradas, para verificação do envolvimento de outras pessoas, assim como a prática de outros crimes”, disse o delegado.
Camila Molina/Polícia Civil-MT
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GCCO investiga esquema de adoção e resgata bebê que nasceu em Cuiabá e seria levado para a Bolívia

Um bebê de aproximadamente um mês de vida que possivelmente seria negociado na Bolívia foi resgatado pela Polícia Civil, na quarta-feira (19/05/21), durante investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). O caso popularmente conhecido como “Adoção à Brasileira” pode envolver outros crimes, como tortura, cárcere privado e associação criminosa.
Duas mulheres envolvidas no crime, a mãe biológica e a que ficou com a criança, já foram identificadas, mas ainda não foram localizadas pela Polícia.
As investigações iniciaram no dia 23 de abril, quando a equipe da GCCO recebeu denúncia de que a suspeita estava mantendo uma mulher grávida e deficiente auditiva em cárcere privado com o intuito de ficar com a criança. Segundo as informações, após o nascimento o bebê seria encaminhado para a Bolívia, onde possivelmente seria negociado.
Diante da gravidade da denúncia, imediatamente os policiais da GCCO iniciaram as diligências conseguindo levantar diversas informações sobre o caso, como o hospital maternidade em Cuiabá em que a criança nasceu.
Segundo as investigações, no momento de ter o bebê, ao invés de entregar os seus documentos, a grávida entregou a identidade da suspeita para posteriormente facilitar o registro da criança. O bebê do sexo masculino nasceu no dia 20 de abril e posteriormente foi entregue para a suspeita.
No período em que ficou no hospital, o que chamou a atenção dos médicos e enfermeiros, foi o fato de a mãe ser deficiente auditiva, o que dificultava a sua comunicação com os profissionais do hospital. A grávida utilizava aparelho de audição e os servidores do hospital tinham que tirar a máscara para que ela fizesse a leitura labial.
Esse foi um ponto fundamental para as investigações, pois quando os investigadores identificaram a pessoa que constava no documento entregue no hospital (RG da suspeita), descobriram que ela não possuía deficiência auditiva, se tratando claramente de outra pessoa.
Com a descoberta, desde segunda-feira (17/05/21), os policiais realizavam diligências para localizar a suspeita, porém ela entregou a criança para irmã e fugiu não sendo mais localizada. O bebê foi encontrado com a irmã da investigada, que foi ouvida como testemunha na GCCO, e confirmou as informações apuradas pelos policiais.
A suspeita irá responder pelo crime de “Parto Suposto”, previsto no artigo 242, do Código Penal, popularmente conhecido como “Adoção à Brasileira”, que é quando o autor dá como seu o parto de outra pessoa.
Segundo o delegado da GCCO, Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, as investigações continuam para a verificação de outras condutas penais, uma vez que há informações que a grávida sofreu tortura, cárcere privado enquanto estava gestante e também para descobrir qual era a real intenção em relação à criança.
“O que chamou atenção e levou a GCCO assumir a investigação foi a possibilidade de crimes mais graves, envolvendo um esquema criminoso instalado em Mato Grosso, para negociação de recém-nascidos. Há informações sobre um grupo em rede social que faz a negociação dessas crianças, em que há mulheres interessadas na entrega dos bebês logo após o nascimento para adoção, sem os devidos tramites legais”, disse o delegado.
O delegado representou pela prisão da suspeita e a cópia do procedimento foi encaminhada para a Delegacia Especializada de Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) que atuará junto à GCCO nas investigações.
Fonte: O Documento