Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na semana que vem. As dicas são do analista da Safras Consultoria, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
– O mercado da soja permanece com as atenções divididas entre os problemas da safra da América do Sul e a invasão russa na Ucrânia, que vem trazendo grande volatilidade. Paralelamente, os players também ficam de olho na demanda chinesa pela soja norte-americana e já se posicionam frente ao relatório do USDA de março, que será divulgado no próximo dia 9.
– As perdas produtivas continuam a aumentar nos estados da Região Sul do Brasil, e em importantes províncias produtoras da Argentina. Apesar de algumas chuvas terem atingido o Rio Grande do Sul e parte da Zona Núcleo na Argentina nos últimos dias, a situação das lavouras continua muito complicada, e a maior parte das perdas já é irreversível.
– No Brasil, os trabalhos de colheita começam a revelar o tamanho dos problemas em Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Já nos demais estados do Centro-Oeste e no Sudeste, o que a colheita revela é que apesar do excesso de umidade registrado em alguns momentos do desenvolvimento das plantas, as lavouras estão em excelentes condições, entregando produtividades muito elevadas. O destaque fica por conta do estado de Minas Gerais, que deve atingir a maior produtividade média de sua história. Tal fato ajuda a compensar um pouco as perdas produtivas registradas na Região Sul.
– De qualquer maneira, a estimativa para a produção brasileira foi novamente reduzida nesta última sexta-feira (4) pela Safras. Estas perdas, somadas a quebra esperada para a safra argentina e já registrada no Paraguai trazem um forte suporte para os contratos futuros em Chicago.
– Neste ambiente, a demanda chinesa pela soja norte-americana continua a crescer, com novas vendas sendo anunciadas quase que diariamente. Este fato é reflexo direto das perdas na América do Sul, visto que a China precisa compensar a menor oferta sul-americana nesta temporada.
– A invasão da Ucrânia pela Rússia traz grande volatilidade para os mercados, incluindo o de commodities. Embora os dois países não sejam grandes produtores de soja, são grandes produtores e exportadores de milho e trigo. A alta dos cereais contamina também a soja em alguns momentos. O que podemos esperar é a manutenção dessa grande volatilidade até a resolução do conflito.
– O USDA deve trazer novas reduções para as safras do Brasil e da Argentina em seu relatório de março. Além disso, devemos ver o aumento da estimativa de exportação dos EUA e o consequente corte nos estoques norte-americanos. O relatório deve trazer números “altistas”.