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Terceira safra já é realidade em Querência com a cultura do feijão

Há alguns anos a segunda safra era um desafio para os produtores de Mato Grosso, que enfrentam em média, quase seis meses de seca. Com a aplicação de tecnologias e variedades precoces, cada vez mais os produtores aumentam a área de segunda safra, seja com milho ou pulses, entre eles o gergelim. O que muitos céticos não acreditavam, é que seria possível uma terceira safra, utilizando a mesma área praticamente no ano todo.

A família Schneider, em Querência-MT, iniciou em setembro de 2019 o plantio de 1800 hectares de soja e em janeiro de 2020 iniciou o plantio da mesma área com milho na segunda safra. Conforme Olimar Schneider, eles devem iniciar a colheita do milho no dia 20 de maio, quando iniciam o plantio de 200 hectares de feijão na terceira safra. Com ciclo entre 80 e 95 dias, a previsão é colher a safra de feijão em agosto, um mês antes do plantio da safra de soja 2020/21.

Olimar Schneider

A cultura do feijão começa a ganhar espaço na região do Vale do Araguaia. Em algumas fazendas o feijão é plantado como segunda safra. Para plantar a cultura como terceira safra é preciso ter pivô (irrigação). No município de Querência, conforme a Aprofir (Associação de produtores de Feijão, Trigo e Irrigantes de Mato Grosso), existem 2.036 hectares. Mais da metade dessa área é ocupada pela cultura do feijão na terceira safra.

Conforme a Aprofir, o Vale do Araguaia tem grande potencial para crescimento da irrigação, com uma capacidade hídrica enorme, tanto de águas superficiais, quanto de águas subterrâneas (aquíferos). Porém, existem alguns gargalos para o crescimento da irrigação em todo o Estado, como por exemplo, a morosidade e o preço das licenças ambientais, o excesso de burocracia nas outorgas de uso de águas, bem como a falta de políticas de implantação e modernização das redes de energia (necessárias para a irrigação).

Os irmãos Schneider, Olimar e Valmir, pretendem dobrar a área de irrigação para o próximo ciclo, alcançando 400 hectares, mas aguardam a liberação das licenças. A previsão é que nos próximos dois anos, Querência alcance cinco mil hectares com pivô, fortalecendo ainda mais a realização da terceira safra na região.

Área em pivô com feijão na fazenda da família Schneider

Feijão

A última chuva em Querência caiu no final do mês de abril. Como o plantio do último ciclo da soja para a família Schneider atrasou, fez atrasar também o início do plantio do milho. A colheita do milho, que nos anos anteriores acontecia geralmente no dia 10 de maio, neste ano iniciará no dia 20. Após essa data, eles iniciam o plantio de 200 hectares de feijão de três variedades.

Esse será o terceiro ano com o plantio de feijão pela família Schneider. Nos dois anos anteriores fecharam com uma média de 50 sacas por hectare. O custo para a irrigação fica em torno de três sacas de feijão por hectare e os pivôs despejam entre 300 e 400 mm por ciclo da cultura do feijão, dependendo da umidade do solo quando do plantio.

O preço tem uma variabilidade maior do que outras culturas, mas geralmente vale o dobro que uma saca de soja. “Tem ano que vai a 300 pila e tem ano que vem a 100, feijão varia muito. É uma cultura de um pouco mais de risco do que milho, soja, que você faz contrato antecipado e você já garante o preço e os insumos”, disse Olimar, acrescentado também que o feijão não pode ser estocado por muito tempo porque escurece o grão.

Área em pivô com feijão na fazenda da família Schneider

Por Rafael Govari para a AGRNotícias.

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