
ASSUNÇÃO — A divulgação de uma foto ao lado do narcotraficante brasileiro Marcus Vinicius Espíndola Marques, de 37 anos, resultou na demissão do ministro do Interior do Paraguai, Arnaldo Giuzzio, nesta terça-feira. O suspeito foi preso no Brasil em 15 de fevereiro durante a Operação Turf, realizada pela Polícia Federal e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) paraguaia. Giuzzio chegou a ser ministro do Senad até 2021, logo antes de assumir o Ministério do Interior. De acordo com as investigações, ele atuava em uma rede de exportação de drogas para Europa, por meio de vínculos com a máfia italiana.
Giuzzio reconheceu que mantinha relações com o brasileiro, o que lhe custou o cargo. O ministro demitido contou que, no fim de dezembro do ano passado, quando passava férias no Brasil, teve um problema com seu carro e entrou em contato com o traficante para alugar outro veículo. No entanto, alegou que não sabia das acusações contra o Pádua e que o conhecia na condição de empresário.
Mas, para as autoridades paraguaias, as atividades de Pádua não eram empresariais. Em entrevista coletiva, o ministro da Senad, Zully Rolón, afirmou que o alvo da Operação Turf era o narcotraficante brasileiro.
— O principal objetivo para o qual realizamos a operação foi Marcus Vinicius Espíndola de Pádua — disse Rolón ao jornal Última Hora.
A Senad divulgou que Pádua era um dos homens mais procurados no Brasil por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. O órgão paraguaio também afirmou que o brasileiro faria parte de uma rede internacional especializada em exportar drogas para Europa, por meio de vínculos com a máfia italiana.

A Itália seria o principal destino dos carregamentos de cocaína enviados da América do Sul para o continente europeu, de acordo com o jornal “La Nacion”.
Fornecedor de blindagem
Natural de Goiânia, Pádua tem ao menos duas empresas em seu nome no Brasil. No Paraguai, ele se apresenta como dono do Black Eagle Group SA. A empresa é dedicada à blindagem de veículos de alto padrão e ao fornecimento de equipamentos de segurança.
Giuzzio justificou que conhecia Pádua na condição de fornecedor de blindagem, coletes e outros equipamentos de proteção pessoal para a polícia. Mas os investigadores paraguaios acreditam que os serviços do brasileiro eram feitos em benefício de atividades criminosas.
A suspeita é de que os veículos de traficantes eram blindados na empresa de Pádua para posteriormente serem usados no transporte de grandes quantidades de drogas.
Uma equipe de trabalho foi formada nesta terça-feira para investigar o caso, segundo o promotor Federico Delfino. Segundo o procurador de Assuntos Internacionais Manuel Doldan, o Ministério Público do Paraguai e a Secretaria Antidrogas (Senad) sabiam que Marcus Vinicius Espíndola Marques de Pádua era investigado há mais de um ano no Brasil.