O aumento preocupante dos casos levou à criação do Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Federação Internacional de Diabetes (IDF). A data tem como objetivo conscientizar sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento dessa doença, que afeta uma grande parte da população mundial. Atualmente, cerca de 537 milhões de pessoas convivem com a condição, um número que destaca a urgência de ações de saúde pública voltadas ao seu controle.
O portal Querência News entrevistou a nutricionista Emanuelle Orrico, de Balneário Camboriú (SC), que trouxe orientações essenciais sobre alimentação e prevenção do diabetes, além de compartilhar uma receita saudável para quem deseja se alimentar de forma equilibrada.
“A alimentação variada, harmônica e rica em nutrientes é a chave para prevenir o diabetes”, explicou Emanuelle. “O consumo regular de vegetais, frutas, grãos, carnes magras, fibras e alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias pode ser muito benéfico. Dentre esses alimentos, destaco o abacate, a chia, as castanhas, os alimentos integrais, o azeite de oliva, o farelo de aveia, a batata, a cebola e o alho. Temos uma variedade de alimentos que podem ajudar na prevenção do diabetes.”
Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento do diabetes, e essas condições estão frequentemente interligadas, podendo ser gerenciadas por meio de mudanças no estilo de vida, alimentação equilibrada e atividades físicas regulares.
Emanuelle esclareceu os hábitos alimentares que podem reduzir o risco de desenvolver a doença: “Consumir frutas e vegetais em quantidades adequadas — no geral, três porções de frutas por dia e 500 gramas de vegetais — além de ingerir polifenóis presentes em frutas, vegetais, azeite e nozes, que são importantes no controle glicêmico. A ingestão moderada de peixes e laticínios, juntamente com uma baixa ingestão de carne vermelha, também são recomendados. Estudos já mostram que uma alimentação saudável, aliada à prática de atividades físicas e boas noites de sono, é essencial para manter nossa saúde em dia”, ressaltou.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a falta de diagnóstico precoce é um dos grandes desafios da saúde pública, e mais de 50% das pessoas com diabetes desconhecem o diagnóstico, pois a doença é silenciosa e se desenvolve ao longo do tempo.
Denise Queiroga, 47 anos, moradora de São José do Rio Preto (SP), expressou sua experiência ao saber que tinha diabetes e as mudanças que a doença trouxe para sua vida. “Fui diagnosticada com diabetes há 20 anos. Não me surpreendi, porque minha mãe era diabética também, apesar de não tomar os cuidados necessários. Atualmente, pago as consequências”, afirmou Denise. “No início, tive muita dificuldade de mudar minha rotina, e somente ao longo dos anos entendi a seriedade da doença, especialmente após perder minha mãe.”
O número de pessoas com diabetes está projetado para aumentar expressivamente nas próximas décadas, especificamente na faixa etária de 20 a 79 anos. De acordo com o Atlas de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), espera-se que, em 2030, haja cerca de 642,8 milhões de pessoas com a doença em todo o mundo. Esse número pode crescer para 783,7 milhões em 2045, refletindo um aumento expressivo. No Brasil, estima-se que o número de pessoas com diabetes suba de 15,7 milhões em 2021 para 19,2 milhões em 2030 e atinja 23,2 milhões em 2045.
Em 2023, o Sistema de Informações em Saúde para a Atenção Básica (Sisab) registrou quase 30 milhões de atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Brasil relacionados ao Diabetes Mellitus (DM), com uma predominância de 65% desses atendimentos entre pacientes do sexo feminino e 35% masculino. Já em 2022, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) registrou 78,8 mil óbitos devido ao diabetes no país. Desde 2022, mais de 36 milhões de pessoas receberam atendimento ambulatorial pelo Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto 281,7 mil foram atendidas em contexto hospitalar devido ao diabetes.
Alimentos que devem ser evitados
A nutricionista Emanuelle explicou quais alimentos podem agravar a situação de uma pessoa com diabetes. “Produtos ultraprocessados, aqueles das prateleiras dos mercados, cheios de açúcares e gorduras saturadas, são um agravante. Mas eu gosto sempre de analisar quem é o paciente, sua cultura alimentar, onde ele mora, a agricultura local, os hábitos alimentares e quais são saudáveis para ele naquele momento. Cada pessoa tem necessidades diferentes, então como profissional eu estabeleço a melhor estratégia depois da minha avaliação nutricional, respeitando sempre a pessoa.”
Mitos sobre o diabetes e dietas populares
Segundo Emanuelle, ainda há muitas informações falsas que circulam sobre a alimentação de pessoas com diabetes. “Muitos acreditam que a pessoa com diabetes não pode comer frutas ou que precisa ficar sem comer o que gosta. Não existe um alimento proibido para pessoas com diabetes, mas sim o controle e a combinação adequadas,” afirmou. Ela também destacou os riscos das dietas populares. “Nem toda dieta funciona para todo mundo ou é a ideal para todo mundo. Vários fatores influenciam a escolha da dieta, como sexo, idade, estado nutricional, objetivos e hábitos alimentares. As dietas populares têm aplicabilidade para situações específicas. O mais importante é procurar um profissional capacitado para orientar a melhor opção,” enfatizou.
A nutricionista, que oferece atendimento nutricional e planejamento alimentar individualizado, acredita que a alimentação é essencial para uma vida saudável. Autora de três e-books de receitas, ela compartilhou uma receita prática para o Querência News:
Receita de pão caseiro
Ingredientes:
1 ovo
2 colheres de sobremesa de farelo de aveia
1 colher de sopa de requeijão
1 colher de café de azeite de oliva extra virgem
1 pitada de sal e orégano a gosto
Modo de preparo:
Misture todos os ingredientes no liquidificador, coloque a mistura em um refratário pequeno de porcelana ou vidro e leve ao micro-ondas por 2 minutos. Pronto!
“Não se preocupe, pois quem tem diabetes não precisa ficar sem comer o que gosta, mas precisa consumir menores quantidades e fazer combinações e substituições de ingredientes de forma estratégica,” finalizou a especialista.
Por: Querência News / Jakeline Hadassa
