
Imagine que, em questão de minutos, você pode transformar várias vidas com uma única atitude. Esse é o poder de quem doa sangue. Todos nós pensamos em ser super-heróis um dia, para salvar vidas e ter o poder de proteger e curar pessoas, mas o que muitos nunca se atentaram é que todos nós temos essa possibilidade de restituir e dar outra oportunidade de vida para alguém. No Brasil, no entanto, apenas 1% a 3% da população exerce esse ‘superpoder’, de acordo com o Ministério da Saúde.
Maria Cristina de Jesus, moradora de Campo Verde-MT, é um exemplo de inspiração. Em entrevista ao Querência News, ela compartilhou sua jornada como doadora de sangue:
“Eu gosto de ajudar as pessoas e vi nesse ato uma forma de ajudar quem precisar. Sempre quis doar, porém, na cidade em que nasci, não havia campanhas. Somente quando me estabeleci no estado de Mato Grosso passei a ser doadora”, ressaltou Maria Cristina.
Doação de sangue no Brasil: números e desafios
Hoje, cerca de 1,4% da população brasileira doa sangue regularmente, mantendo o país dentro da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, a realidade também revela um desafio: 95,8% dos brasileiros nunca fizeram uma doação, evidenciando a necessidade de mais campanhas e conscientização.
Maria Cristina destacou a importância de cada bolsa de sangue: “Com este ato demonstramos cuidado com o próximo, pois uma única bolsa de sangue pode salvar muitas vidas. Devemos nos colocar no lugar do nosso semelhante, fazendo pelo outro aquilo que gostaríamos que fizessem por nós. Já doei oito vezes. Lembro que minha primeira doação foi em 2020, na cidade de Primavera do Leste, Mato Grosso”, contou a doadora.
O Processo e os benefícios da doação
Maria Cristina explicou como se prepara para doar sangue, reforçando que o processo é acessível: “O processo é bem simples. Preenchemos uma ficha de pré-cadastro com nossos dados, passamos por uma entrevista para verificar se estamos aptos a doar e, por último, fazemos a doação. É essencial estar bem alimentado, priorizando alimentos que forneçam energia. Após a doação, devemos tomar bastante líquidos e evitar exercícios físicos.”
Segundo o Ministério da Saúde, o procedimento é seguro, e todo o material utilizado é descartável, eliminando qualquer risco de contaminação. Além de ser um ato de amparo, a doação de sangue também traz benefícios para o doador. Entre eles estão o direito a folgas no trabalho e até benefícios à saúde, como a proteção do coração.
Solidariedade
Maria Cristina concluiu: “Quem não faz esse ato de cooperação, por algum motivo, como o medo, fique tranquilo, pois o processo é bem rápido. E tenha em mente que esse ato pode salvar vidas. Pensem só: podem haver pessoas que foram salvas pelo seu sangue. A doação de sangue é um gesto heroico ao alcance de todos.”
Requisitos gerais para doar sangue
Boa saúde: é fundamental estar saudável no momento da doação.
Alimentação: estar alimentado, evitando alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação. Após o almoço, é necessário aguardar duas horas.
Descanso: ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas.
Idade: pessoas entre 16 e 69 anos podem doar. Contudo, indivíduos com mais de 60 anos só podem doar se já tiverem doado antes dos 60.
Peso: pesar mais de 50 kg.
Documentação: apresentar documento oficial com foto.
Consentimento: jovens menores de 18 anos precisam de autorização formal dos responsáveis.
Frequência de doações
Mulheres: até três vezes ao ano.
Homens: até quatro vezes ao ano.
Intervalo mínimo: dois meses para homens e três meses para mulheres.
Algumas condições de saúde ou situações específicas podem impedir a doação temporariamente. Confira os principais casos:
Gripe, resfriado ou febre: aguardar sete dias após a recuperação.
Dengue: um mês após a cura.
Gestação: durante todo o período.
Pós-parto: 90 dias para parto normal e 180 dias para cesariana.
Amamentação: até 12 meses após o parto.
Ingestão de álcool: evitar doações por 12 horas após o consumo de bebidas alcoólicas.
Tatuagem e piercings: doadores devem aguardar 12 meses após realizar tatuagens ou colocar piercings, especialmente em cavidades orais ou genitais.
Extração dentária: aguardar 72 horas.
Cirurgias e procedimentos invasivos: o tempo de espera varia conforme o tipo, podendo chegar a seis meses em casos de procedimentos maiores, como colecistectomia ou tireoidectomia.
Vacinação: o período de espera depende da vacina tomada.
Exposição a risco de infecções sexualmente transmissíveis: aguardar 12 meses após a exposição.
Por: Querência News/Jakeline Hadassa