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VÍDEO: Fenômeno deixa água do mar fluorescente no ES; entenda

Bioluminescência acontece a partir da reação química de alguns seres, como plânctons e peixes. Imagens da cor da água, brilhante, chamaram atenção nas redes sociais e mais grupos foram mergulhar para conferir o fenômeno de perto.

Um fenômeno tem chamado a atenção de banhistas que mergulham na Baía de Vitória ou que praticam canoa havaiana durante a noite: a água tem apresentado um tom de azul forte, fluorescente, que aparece com um leve movimento das mãos, pés e até com os remos.

O azul surpreende quem nada ou quando a canoa passa e deixa um rastro forte azulado marcado no mar. Por alguns minutos, a pessoa pode até se sentir num filme de ficção, vendo a luz brilhar com o movimento. Mas o fenômeno é real e tem até um nome específico: trata-se da bioluminescência. Veja vídeo no link >>> https://www.instagram.com/reel/C4ngN_8ufw-/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

Grupos de canoa havaiana e de caiaque que geralmente saem para remar à noite começaram a perceber essa mudança nas águas e colocaram vídeos nas redes sociais. As imagens se espalharam e mais grupos começaram a remar e ver de perto, com os próprios olhos, o azul forte que tem aparecido no mar de Vitória.

A procura foi tanta que alguns grupos tiveram que aumentar mais uma turma para atender a demanda. Arthur Freire tem um grupo que pratica caiaque há um ano no local e disse que nunca tinha visto algo assim. Na noite de quarta-feira (13), ele saiu com mais 16 pessoas que queriam conhecer o fenômeno.

“Foi a primeira vez. Para a gente foi uma surpresa. Já fazemos esse passeio e nunca teve esse fenômeno. Há umas duas semanas, a gente estava na praia curtindo uma pausa que a gente durante o passeio e, de repente, começamos a notar que a água estava ficando diferente, estava ficando azul. Começou a escurecer e ficou ainda mais azul a água. Ficamos ali um tempão. Eu, particularmente, já faço remadas aqui há alguns anos, mas nunca tinha visto”, comentou Arthur.

 

E quem embarca para apreciar esse fenômeno não se decepciona.

“Eu amei muito, achei muito bom. Como não gostar, né? A água fica toda azul, você passa a mão e parece que é uma água viva passando”, contou Pedro Carejo, de apenas dez anos.

 

Fenômeno da bioluminescência em Vitória — Foto: Divulgação

Fenômeno da bioluminescência em Vitória — Foto: Divulgação

Mas nem para todo mundo esse fenômeno é novidade. Tiago Barros é dono de um clube de canoagem e disse que já viu o fenômeno outras vezes e sempre faz questão de proporcionar essa experiência para os alunos

“Eu gosto muito de compartilhar experiências novas através da canoa havaiana. Ainda mais essa com os plânctons. Eles poderem ver essa brincadeira, ficar com a mão ali se divertindo, mergulhar no meio do azul, é incrível também”, disse Tiago.

 

O que é bioluminescência?

 

Bioluminescência é uma reação química de plânctons e algas — Foto: Reprodução/Rede Gazeta

Bioluminescência é uma reação química de plânctons e algas — Foto: Reprodução/Rede Gazeta

Biólogos ouvidos pelo g1 explicaram que o fenômeno consiste basicamente em uma reação química produzida por alguns microorganismos como plânctons, algas, protozoários, dinoflagelados e até peixes.

“A visualização de uma bioluminescência forte é um indicativo de que pode haver uma floração da espécie responsável pelo fenômeno. A floração é causada por uma série de fatores: disponibilidade de nutrientes, disponibilidade luminosa, temperatura da água e pressão de predação. Quando passa a mão na água ou mesmo o quebrar das ondas, acaba disparando essa reação química dentro dos organismos, por isso fica bioluminescente”, explicou o biólogo Stefano Zorzal.

 

A luz que é possível ver com os movimentos é produzida por esses seres como uma resposta após serem tocados. O toque estimula para que a alga, por exemplo, libere a luz como um mecanismo de defesa tentando afastar o predador.

Embora o calor também esteja relacionado com a bioluminescência, apenas com a junção de todos os fatores é possível ver a luz, que geralmente é da cor azulada. O aumento de temperatura no mar, as frequentes ondas de calor e o El Niño podem mudar a floração para o tipo de alga encontrado na Baía de Vitória. Mas o biólogo destacou que é difícil prever um “prazo” de validade para observar esse fenômeno.

“Não tem como precisar quando vai começar e onde vai acontecer. As florações tem um prazo de validade, chegam no máximo e depois vão definhando. Os organismos não conseguem sobreviver grande quantidade de tempo. Talvez se tiver uma onda de calor no inverno, por exemplo, e as condições semelhantes aparecerem, as algas estiverem lá, mesmo em menor quantidade, aí podem gerar novamente esse fenômeno”, disse o biólogo.

 

Outros fatores que podem ter contribuído para o azul na Curva da Jurema, praia onde o fenômeno foi avistado, é o fato de a baía estar perto da cidade, que acaba concentrando uma grande quantidade de nutrientes gerados também pela chegada do esgoto ao mar, que ajuda na proliferação de mais algas e protozoários.

O biólogo lembra que existem alguns projetos ambiciosos envolvendo esse fenômeno. Alguns estudos tentam ver a possibilidade de reaproveitar a bioluminescência para tentar iluminar cidades, com uma possibilidade sustentável.

Mas, para ter certeza de qual alga está causado o fenômeno na Baía de Vitória, o biólogo pontuou a necessidade de uma amostra, e disse que vai até o local para coletar a microalga.

“Estamos analisando amostras da região e acreditamos que o responsável pela bioluminescência na região é um dinoflagelado do gênero Alexandrium. Vamos realizar uma coleta noturna exatamente onde ocorre o fenômeno, mas pela quantidade desta espécie acreditamos que seja ele mesmo”, explicou.

O especialista falou ainda se há risco ou não para quem tem contato com a água que passa pelo fenômeno.

“É importante destacar que algumas das algas que realizam bioluminescência são tóxicas, mas não é porque uma espécie realiza isso que é potencialmente tóxica”, finalizou.

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